BATUÍRA
Antônio Gonçalves da Silva nasceu na cidade de Freguesias de Águas Santas/Portugal, em 19 de março de 1839, filho de família humilde que ganhava a vida trabalhando no campo. Desembarcou no antigo estado de Guanabara, atual Rio de Janeiro, com onze anos e somente o ensino primário completo. Depois se mudou para Campinas/SP até que, por fim, chegou a capital do estado.
Na cidade de São Paulo/SP, seu primeiro emprego foi no Correio Paulistano como distribuidor. Por estar sempre correndo de um lado para o outro e sendo muito ágil em suas entregas, recebeu o apelido de Batuíra, nome dado a uma espécie de ave com voo ligeiro, como os passos do jovem distribuidor.
Batuíra foi um homem que muito lutou para alcançar suas conquistas. No início, com o que arrecadava como distribuidor, montou um pequeno teatro. Após ter sucesso, dedicou-se à produção de charutos, o que lhe rendeu bons frutos e permitiu o casamento com Dona Brandina Maria de Jesus, sua primeira esposa com quem teve um filho que veio a falecer na idade adulta. Antônio também apostou seu dinheiro na compra de terrenos em áreas pouco valorizadas da cidade. Construía casas e as alugava às pessoas necessitadas.
Foi após outra fatalidade em sua vida que Batuíra conheceu a doutrina espírita, o único filho de seu segundo casamento, desta vez com Dona Maria das Dores Coutinho e Silva, faleceu ainda criança.
Logo que aprendeu as lições da doutrina dos espíritos sentiu uma forte conexão e, daquele momento em diante, seguiu firmemente os ensinamentos.
Participou da ideia de abolição da escravatura no Brasil, muitas vezes abrigando, em sua própria residência, escravos fugidos dos senhores e, sempre que possível, comprava-lhes a liberdade. Na época das epidemias de varíola na cidade de São Paulo/SP, abrigava em sua casa os enfermos mais desprovidos de condições materiais e, além de lutar pelo tratamento, dava alimento e roupas para os irmãos que acolhia.
Em 1890, começou a prática do estudo do Evangelho no grupo que anos antes havia fundado, chamado de “Grupo Espírita Verdade e Luz.” Devido à necessidade da divulgação da doutrina adquiriu uma tipografia, de nome “Tipografia Espírita”. A fim de que pudesse medicar gratuitamente os pobres doentes que o procuravam, Antônio dedicou-se a conhecer a homeopatia sem a ajuda de outros.
As ações de Batuíra não se restringiram somente ao estado de São Paulo, ele fundou também grupos e centros espíritas nos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais; viajou por todo o país palestrando sobre temas relacionados à doutrina espírita e aproveitava essas viagens para visitar os enfermos das regiões onde estava e aplicar-lhes o passe. Em 22 de janeiro de 1909, Batuíra desencarnara deixando um belo exemplo de tudo que podemos realizar se tivermos força de vontade, mesmo que não tenhamos fartura de riquezas.
**Para conhecer um pouco mais sobre a vida deste benfeitor, recomendamos a leitura do livro Batuíra Verdade e Luz